terça-feira, 8 de junho de 2010

Educação para a paz e tolerância: grupo de estudos celebra 5 anos

Por Luiz Sugimoto, do Jornal da Unicamp

Bullying, maus tratos familiares, professores resistentes à inclusão, brigas durante o recreio, conflitos entre professores, mensagens de violência na TV, crianças convivendo com o toque de silêncio imposto por traficantes, a presença da polícia, a venda de drogas na porta da escola. Estes são alguns casos que ocuparam o Grupo de Estudos Educação para a Paz e Tolerância (Geepaz) em 5 anos de atividades dentro da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp.

“Muitos casos são encaminhados pelas escolas e nos dão a noção da necessidade e da urgência de estudos à luz da tolerância e da educação para a paz. Vivemos uma época de competição exacerbada que, muitas vezes, leva a violências como o bullying e os maus tratos familiares à criança. É uma vertente que analisa a questão humanitária, o racismo, a homofobia, enfim, as diferenças culturais no processo educacional”, explica a professora Nadia Maria Badue Freire, coordenadora do Geepaz.

educacao-para-a-paz_publico_290x240_.jpgSegundo a docente, o grupo de estudos foi formado em 2005, como decorrência das teses de mestrado e doutorado que ela defendeu na Unicamp. “Foram os primeiros trabalhados acadêmicos sobre educação para a paz e tolerância no Brasil – o doutorado foi apresentado no Gabinete da Presidência da República. Faço questão de lembrar que, justamente em 2010, também são comemorados os 15 anos da Declaração de Princípios para a Tolerância, aprovada pela Unesco”.

Os pesquisadores do Geepaz reuniram-se nesta segunda-feira (07) para entregar o relatório de cinco anos de atividades à professora Orly Zucatto Mantovani de Assis, responsável pelo Laboratório de Psicologia Genética da FE. “A professora Orly compôs a banca nas minhas teses e foi quem nos acolheu em seu espaço, ao perceber a necessidade e a importância desses estudos”, reconhece Nadia Freire.

Entre os trabalhos do grupo, a coordenadora destaca a pesquisa junto a crianças sobre o comércio de armas e munição – por conta do plebiscito de 2005 – e a Rede Semântica da Inclusão Social e Tolerância. “Cuidamos para não confundir tolerância com permissividade. A tolerância necessária é aquela direcionada a pessoas de culturas diferentes – ou mesmo irmãos, que embora da mesma família têm pontos de vista diversos. Quanto à tolerância diante de injustiças, implica uma tomada de atitude que não seja violenta”.

Nadia Freire observa que mesmo os currículos escolares, em grande parte, são autoritários, violentos, intolerantes. “Percebemos que as propostas pedagógicas, embora descritas de forma bonita e democrática, trazem o que chamamos de currículo oculto – nuances onde a questão da violência se encerra. Se consideramos como violência qualquer atitude que tem como objetivo limitar a liberdade do outro, o currículo, na maioria das vezes, é intolerante”.

O Geepaz possui hoje seis pesquisadores atuantes e espera chegar a um máximo de dez. Um objetivo mais imediato é reunir seus trabalhos em livro, cujo lançamento deve ocorrer até 16 de novembro, data da promulgação da Declaração de Princípios para a tolerância.

(Envolverde/Jornal da Unicamp)

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